domingo, 23 de setembro de 2012

Aplausos: Para Lado a Lado, novela das 18 horas da Rede Globo. Se o primeiro capítulo foi demasiado morno, os episódios que o seguiram mostraram, em contrapartida, que o folhetim de João Ximenes Braga e Cláudia Lage é recheado de qualidade. Um elenco arrebatador, um enredo cuidadoso e uma direção impecável (destaque para a belíssima fotografia) dão à novela um aspecto de conjunto sincrônico e bem-executado. Destaque para a configuração de tramas que, de forma semelhante ao que acontece em obras de Gilberto Braga, misturam elegância e crítica social. Também chama a atenção o fato de que a novela pretende, como um todo, escapar do engessamento que um tratamento mais rigoroso de história pode proporcionar. Os acontecimentos importantes do início do século XX estão lá, muito bem retratados: a reforma urbana do Rio de Janeiro, o surgimento dos morros, o desenvolvimento das religiões sincréticas afro-brasileiras (que, por sinal, costumam ser bastante discriminadas no Brasil), a decadência da aristocracia imperial. No entanto, a novela, acertadamente, não pretende cair em clichês e amarras conjunturais, característica que pode ser claramente notada pela ótima trilha sonora não-datada e pelo comportamento de paradigma contemporâneo inerente aos personagens. 

Vaias: Para certos excessos de comédia slapstick que pululam, vez ou outra, no roteiro de Cheias de Charme. A novela é ótima, tem esquetes engraçadíssimas, mas frequentemente derrapa em um exagero constrangedor. Na última semana, a trama ganhou a presença da impagável Lady Praga, alter ego de Socorro, vivida pela irrepreensível Titina Medeiros. Porém, o brilho da ótima sacada dos autores foi ofuscado por uma cena em que Chayene (Cláudia Abreu) se transforma na Conga, figura emblemática dos circos tradicionais. Desnecessário. Aproveitando o ensejo, cabe, também, vaiar a presença quase sempre dispensável e irritante de Eloy Di Marco (Gustavo Mendes). O que era pra ser uma sátira bem-humorada e até certo ponto bem-sacada transformou-se em uma caricatura excessiva e mal-elaborada. Mais do que isso, parece que a Rede Globo anda se empenhando muito em promover o rapaz, um humorista que, digamos a verdade, é chatinho e pouco talentoso.

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