domingo, 30 de setembro de 2012

Aplausos: Para o último capítulo de Cheias de Charme, que conseguiu encerrar com maestria um dos maiores trabalhos do milênio. Com coerência, um ritmo agradável e muita cor, Filipe Miguez e Izabel de Oliveira conseguiram fazer, até o momento, a melhor novela do ano e uma das melhores já exibidas. O derradeiro episódio, em consonância com a grande obra, emocionou, divertiu e consagrou definitivamente esse musical com ares de folhetim. Perfeito. Destaque para o show final com os protagonistas e para a belíssima cena de encerramento do casal Sarmento, um show de plano de câmera e fotografia.

Vaias: Para o The Voice Brasil, que embora acerte no respeito demonstrado aos candidatos, peca pela falta de emoção e para a composição de técnicos, digamos assim, homogênea e não muito técnica. Os candidatos escolhidos, quando talentosos, são muito parecidos e não compõem uma diversidade que é fundamental a qualquer concurso com ares de reality. Em compensação, outros candidatos mais tarimbados e interessantes são dispensados sem muita explicação. A grande questão, talvez, seja a forma de pensar a música, que é muito semelhante entre todos os técnicos, o que não gera, no telespectador, a expectativa natural que deve cercar um corpo de jurados. Um saco. O destaque negativo fica, é claro, para Cláudia Leitte, que é chata, irritante e extremamente cansativa.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Com C de Cheias de Charme

Cheias de Charme chegou ao fim com o mérito de ter marcado uma época. Certamente, muitos se lembrarão, daqui a uns anos, das impagáveis aventuras de Penha, Cida, Rosário, Chayene, Fabian e Socorro. Personagens que, de um modo ou de outro, entraram para o imaginário popular de forma arrebatadora. E o sucesso da novela, que contagiou o Brasil com a história das domésticas emergentes, foi mais do que merecido: um primor de dramaturgia, direção e elenco.

A primeira coisa a ser destacada no contexto da obra é realmente a grata revelação de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira. Autores que não se intimidaram com o peso da estreia e fizeram, ao contrário, uma novela redondinha, engraçada, colorida e inteligente. Chamou a atenção, na dramaturgia, a diversidade que povoou a classe C retratada pelos escritores, fugindo da obviedade do estereótipo vazio e enlatado diariamente em produções da Rede Globo. Filipe e Izabel retrataram, acertadamente, o que melhor acontece no contexto das camadas populares: a pluralidade. Nesse cenário, o Borralho foi povoado por tipos bastante simpáticos: a evangélica batalhadora, o grafiteiro engajado, a empregada negra que serve como arrimo de família, explicitando, sutilmente, na medida em que esses elementos são adequados a uma comédia, pequenas tensões inerentes ao estilo de vida desses personagens.

Como contraste, a novela também mostrou a vida dos ricos moradores de um condomínio muito próximo e constantemente frequentado pelos moradores da comunidade carente, uma forma sagaz de demonstrar questões interessantes como a função de dormitório que certas vilas têm em relação à cidade (verdadeiros depósitos de trabalhadores de baixa renda para bairros mais ricos) ou a crescente e positiva mistura de classes decorrente da constante emergência e do aumento do poder de consumo da população menos abastada. Em outras palavras, os autores conseguiram explicitar, de maneira extremamente perspicaz, as novas configurações de relações sociais em desenvolvimento no século XXI. Tudo isso com muita cor, diversidade, sem estereótipos fáceis e vazios. Nessa conjuntura, a propósito, desenvolveu-se a bem-humorada rivalidade entre patroas e empregadas sem, contudo, descambar para um arriscado e capenga maniqueísmo: o folhetim também contava com patroas bem-intencionadas (como Lygia, personagem de Malu Galli) e empregadas oportunistas (como Socorro, personagem de Titina Medeiros).

Em plano diferente, o texto de Filipe e Izabel também teve mérito por conta de sua qualidade. Grande parte do sucesso da novela, a propósito, deve-se a ele. Em incontáveis momentos, tiradas sarcásticas, trocadilhos bem-sacados e situações esdrúxulas espertamente arquitetadas ditaram o tom do excelente humor veiculado pelo folhetim. Em muitos momentos, tais menções foram tão sutis que fugiram de um telespectador menos atento, sinal claro de que o exercício de escrita diário do folhetim, em que pese ser extremamente industrial, não foi em nenhum momento negligenciado, mas minuciosamente pensado e estruturado com cuidado. Junto a isso, Cheias de Charme trouxe uma série de referências impagáveis, como Lady Gaga, Gabriela e Kill Bill. A receita perfeita de uma novela que, além de popular, cumpriu também a missão de ser pop.

A direção de Denise Saraceni também foi, evidentemente, acertadíssima. Efeitos de transição de cena, o clima propositadamente meio over, cenários, figurinos, trilha sonora, tudo parece ter sido meticulosamente pensado para retratar o universo da classe C. Extraiu-se desse universo, assim, a cor, a alegria, a superação, características traduzidas na fotografia, nas locações, na abertura. Fruto, é claro, da ótima estratégia de retratar o mundo popularesco de forma conceitual. A classe C, neste sentido, tornou-se o tema central da novela, sendo exposta e retratada da melhor forma possível, escapando das caricaturas às quais facilmente se chega sem um olhar mais detalhado sobre esse cenário

Por fim, o elenco da novela das sete foi escolhido a dedo: protagonistas carismáticas, antagonistas impagáveis, coadjuvantes cativantes. Atuações impecáveis foram a regra da novela: Taís Araujo, Isabelle Drummond, Leandra Leal, Cláudia Abreu, Ricardo Tozzi,  Malu Galli, Marcos Palmeira, Humberto Carrão, Aracy Balabanian, Alexandra Richter, Tato Gabus, Giselle Batista, Simone Gutierrez, Rodrigo Pandolfo, Chandelly Braz, Daniel Dantas, Titina Medeiros, entre tantos outros atores com interpretações irrepreensíveis. Um elenco afinado já é, convenhamos, meio caminho andado para o sucesso.

Enfim, Cheias de Charme deixa o horário com certa saudade. Com louvor, conseguiu escapar do engessamento criativo que a recente política de evidência da classe C vem causando aos autores. E escapou, vale dizer, da melhor maneira possível: Transformando o popular em protagonista, tirando-o da posição de apêndice estéril e estereotipado. Prova de que, ao contrário de João Emanuel Carneiro e Aguinaldo Silva, os autores de Cheias de Charme entenderam que, para fazer uma novela com popularidade, não é preciso subestimar o telespectador popular. Pelo contrário, a novela de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, seguindo a esteira das excelentes comédias das sete da década de 80, conseguiu aliar popularidade e inteligência. Enquanto que em Avenida Brasil, por exemplo, o telespectador é colocado como mico de circo, tipo esdrúxulo, cômico e causador do riso fácil, em Cheias de Charme, em sentido oposto, ele se reconheceu, compadeceu-se com seus próprios dilemas e, em última instância, riu de si mesmo. 

AVALIAÇÃO: ÓTIMA


domingo, 23 de setembro de 2012

Aplausos: Para Lado a Lado, novela das 18 horas da Rede Globo. Se o primeiro capítulo foi demasiado morno, os episódios que o seguiram mostraram, em contrapartida, que o folhetim de João Ximenes Braga e Cláudia Lage é recheado de qualidade. Um elenco arrebatador, um enredo cuidadoso e uma direção impecável (destaque para a belíssima fotografia) dão à novela um aspecto de conjunto sincrônico e bem-executado. Destaque para a configuração de tramas que, de forma semelhante ao que acontece em obras de Gilberto Braga, misturam elegância e crítica social. Também chama a atenção o fato de que a novela pretende, como um todo, escapar do engessamento que um tratamento mais rigoroso de história pode proporcionar. Os acontecimentos importantes do início do século XX estão lá, muito bem retratados: a reforma urbana do Rio de Janeiro, o surgimento dos morros, o desenvolvimento das religiões sincréticas afro-brasileiras (que, por sinal, costumam ser bastante discriminadas no Brasil), a decadência da aristocracia imperial. No entanto, a novela, acertadamente, não pretende cair em clichês e amarras conjunturais, característica que pode ser claramente notada pela ótima trilha sonora não-datada e pelo comportamento de paradigma contemporâneo inerente aos personagens. 

Vaias: Para certos excessos de comédia slapstick que pululam, vez ou outra, no roteiro de Cheias de Charme. A novela é ótima, tem esquetes engraçadíssimas, mas frequentemente derrapa em um exagero constrangedor. Na última semana, a trama ganhou a presença da impagável Lady Praga, alter ego de Socorro, vivida pela irrepreensível Titina Medeiros. Porém, o brilho da ótima sacada dos autores foi ofuscado por uma cena em que Chayene (Cláudia Abreu) se transforma na Conga, figura emblemática dos circos tradicionais. Desnecessário. Aproveitando o ensejo, cabe, também, vaiar a presença quase sempre dispensável e irritante de Eloy Di Marco (Gustavo Mendes). O que era pra ser uma sátira bem-humorada e até certo ponto bem-sacada transformou-se em uma caricatura excessiva e mal-elaborada. Mais do que isso, parece que a Rede Globo anda se empenhando muito em promover o rapaz, um humorista que, digamos a verdade, é chatinho e pouco talentoso.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Aplausos: Para Marjorie Estiano, Camila Pitanga e Patrícia Pillar, intérpretes dos principais papéis femininos de Lado a Lado. Em personagens fortes e obstinadas, as três atrizes proporcionam ao telespectador espetáculos diários de atuação dramática. Três profissionais magníficas.

Vaias: Para Sheron Menezes, a Berenice de Lado a Lado. Se o trio principal de atrizes da novela está arrasando, o mesmo não pode ser dito a respeito da intérprete da ardilosa da rival de Isabel (Camila Pitanga). Apesar de segura, Sheron se mostra, com frequência, bastante artificial à frente de seu papel. Talvez o problema esteja, surpreendentemente, em um excesso de segurança. 

domingo, 16 de setembro de 2012

A Esburacada Avenida Brasil

Há algum tempo, este blog vem insistindo em um ponto que parece assombrar a novela das nove: os furos gigantes no enredo da trama. Entre vaias e aplausos, diversas situações foram citadas, um mar de equívocos contabilizados, sem exceção, desde o início da novela. No entanto, a forma pela qual o folhetim é contado, um verdadeiro leque de efeitos de espetáculo, ajudou a disfarçar a dramaturgia capenga que conduziu a trama até a "virada" do capítulo 100. Eis que agora, alguns meses depois, o conteúdo tacanho parece ter saltado aos olhos dos mais devotos telespectadores. O fio central, responsável por conduzir toda a rede de histórias, mostra-se mais frágil a cada dia que passa. 

Nos últimos capítulos, alguns fatos intrigaram os noveleiros: Por que Nina (Débora Falabella), em plena era tecnológica, preocupa-se tanto com a segurança de fotografias físicas contra Max (Marcello Novaes) e Carminha (Adriana Esteves)? Ela poderia salvar tais fotos em e-mails, sites de carregamento de arquivos ou mesmo em um pen drive. De posse de provas tão cabais, por que ela se sujeitaria a ter sua herança roubada e sua liberdade privada por conta de uma série de armações do casal de vilões? Os dois acontecimentos, em qualquer mundo possível, deveriam ter conduzido a mocinha a revelar a verdadeira personalidade de Carminha ao mundo. Por fim, é assombrosa a falta de empenho de Jorginho (Cauã Reymond) em atestar que é filho de Max com um simples exame de DNA. O autor bem tentou contornar essa hipótese, mas é óbvio que o jogador de futebol tem todo o direito de requerer o teste.  

Em suma, esses furos mais recentes (além das imprecisões que o blog já citou por aqui em outras oportunidades) revelam a fragilidade do argumento principal. A vingança de Nina, desde o início, foi mal-planejada, mal-escrita, mal-executada. Se João Emanuel Carneiro queria, de fato, estender a trama central ao máximo, precisaria, primeiro, ter arquitetado uma sucessão de acontecimentos desde o início. Pelo contrário, mostrou-se perdido, fato que pode ser revelado por um simples exemplo: Para dar o mínimo de verossimilhança ao folhetim, o autor precisava ter colocado provas mais frágeis nas mãos de Nina. Fotos e vídeos, hoje em dia, são provas irrefutáveis. Novela é, sim, uma obra aberta. No entanto, um esqueleto minimamente detalhado precisa se fazer presente na mente de qualquer dramaturgo.

Se o argumento principal ficou condicionado a um enredo raso, desestruturado e fraco, é possível dizer que grande parte dessa odisseia mal-sucedida é derivada da excessiva preocupação de Carneiro com o espetáculo sem conteúdo. Em nome de ganchos falsos e clímax forjados, o escritor apresentou o péssimo costume de atropelar as mais básicas cadeias causais de eventos. Em outras palavras, ele dispensou, em inúmeras vezes, a qualidade do enredo e do roteiro, correndo o risco de cair no engodo da licença ficcional. Nisso, esqueceu-se até mesmo do contexto histórico do que era contado, detalhe que só pareceu ser lembrado na hora de enaltecer o estereótipo vazio e sem-graça da suposta Classe C da Zona Norte carioca.

A propósito, do último parágrafo decorrem dois defeitos grandes na exibição de Avenida Brasil: 1) a preocupação com o excesso de dinamicidade deixou, por incrível que pareça, a novela enfadonha. Quando o ritmo frenético é constante e invariável, a trama fica cansativa e estafante. 2) Os estereótipos de Avenida Brasil são irritantes. A evangélica conversora, o homossexual que prefere moda a futebol, a madame preconceituosa da Zona Sul do Rio de Janeiro. Tudo está lá, em doses diárias de preconceitos disseminados sem ter muito um porquê. 

De positivo, Avenida Brasil deixa a repercussão perante o público, a direção e as interpretações de Adriana Esteves e Débora Falabella. É bom sentir o apelo de um folhetim, ainda que ele tenha, estruturalmente, falhas graves que pouco justificam o seu próprio sucesso. Amora Mautner, por sua vez, consagrou-se como a grande responsável pelas melhores partes da trama. Sua direção esperta, que claramente privilegiou a riqueza dos cacos e das improvisações, entra, de algum modo, para a história. Os mesmos elogios podem ser tecidos em relação aos planos de câmera, à fotografia e à trilha incidental. Em relação às intérpretes de Carminha e Nina, pode-se dizer que foram as grandes responsáveis pelos grandes momentos da novela.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Aplausos: Para Dani Calabresa, comediante da MTV. Seja no Furo ou na Comédia MTV, Dani sempre mostra que é uma comediante bastante competente. Boa não só na improvisação, mas também nas tão hilárias e famosas imitações que faz de uma variada gama de celebridades. De Luciana Gimenez à Suzana Vieira, Dani tem muito talento para reproduzir os gestos mais marcantes de suas imitadas. É hilário.

Vaias: Para o primeiro capítulo de Lado a Lado, que embora muito bem-produzido e dirigido, empolgou pouco ou quase nada. Destaque mesmo só para a abertura, embalada por um samba-enredo emblemático da Imperatriz Leopoldinense.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Um Brinde À Pieguice

A qualidade do elenco de Amor, Eterno Amor, continuação da temática espírita começada por Elizabeth Jihn em Escrito Nas Estrelas, prometia, em certa medida, que a novela seria, no mínimo, digna de atenção. Se, por um lado, nomes como Gabriel Braga Nunes, Cássia Kis Magro, Denise Weinberg, Sandra Corveloni, Osmar Prado, Pedro Paulo Rangel, Carolina Kasting, Mayana Neiva, entre outros, chamavam a atenção por conta de uma interessante composição de peças que é raramente alcançada nas escalações (cada vez mais "publicitárias" nas novelas dos últimos anos); por outro, viu-se logo de cara que pouco ou quase nada esses nomes poderiam fazer diante da clara limitação da autora. Jihn, escritora com estilo bem parecido com aquele romancismo cafona propagado em obras de banca jornal, confirmou, em sua última novela, a sua vocação para a falta de habilidade crítica e para a abordagem rasa com a qual costuma tratar dilemas de vários tipos.

A direção, vale dizer, acertou. Rogério Gomes, o Papinha, soube mitigar, dentro do possível, a falta de maturidade da dramaturgia da escritora. Uma fotografia correta e uma trilha sonora que continha, por exemplo, nomes como Johnny Cash e Marisa Monte, deram à novela um aspecto interessante. O diretor, acertadamente, tentou trazer a obra de Jihn para o plano do existencialismo, abordagem traçada, só para mencionar, em filmes como A Árvore da Vida, de Terrence Malick. Obviamente, a tentativa fracassou entre as milhares de pílulas de auto-ajuda barata e crendice mal-fundamentada que a autora, demasiadamente, espalhava pelos capítulos. A novela se tornou, sem sombra de dúvida, solo fértil para um espiritualismo milagreiro, extremamente piegas e recheado de ortodoxia.

A ortodoxia, aliás, esteve presente na configuração da produção. De um lado, os bons e crentes; do outro, os maus e descrentes. Uma espécie de maniqueísmo religioso que tratou, sem pestanejar, o belo fenômeno da fé com superficialidade e dogmatismo. Os vilões da história, encabeçados por Melissa (Cássia Kis Magro) e Fernando (Carmo Dalla Vecchia), eram invariavelmente anti-teístas, fenômeno que explicaria, nas entrelinhas da lógica da novela, a composição de naturezas perdidas e decaídas. Ateus e agnósticos, nesse contexto, foram jogados em um "umbral moral" completamente irreflexivo e superficial. Um discurso tão anacrônico quanto os já proferidos nas diversas perseguições religiosas empreendidas ao longo dos séculos. Outro ponto importante: o sincretismo de religiões mostrou-se extremamente exagerado e deixou transparecer a falta de pesquisa quanto aos embasamentos e preceitos das diversas crenças mencionadas pela história. No discurso do folhetim, tudo era abordado de forma leviana: do espiritismo de matriz kardecista a doutrinas orientais. Tudo isso em um vocabulário pobre e recheado de senso comum. 

Se ao menos a história compensasse, a novela valeria o espaço que recebeu. No entanto, a trama principal foi arrastada, mal-conduzida e pouco envolvente. A pieguice de Jihn, já citada em seus discursos  místicos moralizadores, também esteve presente no fio central de condução da novela. Assim, as cenas entre Rodrigo e Miriam, casal de protagonistas, transformaram-se, em sua maioria, em sequências afins a romances água-com-açúcar enfadonhos e sonolentos. As tramas paralelas, por sua vez, não cumpriram minimamente a sua função. Foram satélites tão mortos quanto o ponto central da história. Nada a ser salvo. 

Antes do fim, eu gostaria de citar algumas atuações negativas. Em que pese o trabalho primoroso de atores como Cássia Kis Magro ou Osmar Prado, o trabalho de Carmo Dalla Vecchia, ator bastante prestigiado pelos diretores nos últimos anos, foi vergonhoso. Uma composição exagerada e bastante equivocada tornou o seu desempenho bastante insatisfatório. Já Andréa Horta, que até conseguiu chamar a atenção do público nos primeiros meses de novela, foi outra que pecou pelo excesso. Ela, porém, já provou, na TV e no teatro, que é uma atriz de mão cheia. Talvez Horta tenha sido prejudicada por sua experiência teatral, que notadamente exige expressões mais incisivas e marcadas. Vale, assim, a dica para essa intérprete extremamente promissora.

De um modo ou de outro, Amor, Eterno Amor revelou, em última instância, que Elizabeth Jihn continua a repetir os erros do passado. Se Escrito nas Estrelas teve o excesso de miticismo lamechas mitigado por uma direção competente, uma sinopse forte e um elenco repleto de ótimos atores (como Antonio Calloni, Zezé Polessa e Débora Falabella), em sua novela mais recente a autora novamente, assim como em Eterna Magia, caiu na arriscada estratégia de transformar o discurso místico em lei universal. 

AVALIAÇÃO DA NOVELA: RUIM

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Aplausos: Para as chamadas de Lado a Lado, próxima novela das seis da Rede Globo. Com um tom que flerta com o documental, as apresentações da trama e dos personagem enchem os olhos pela qualidade de acabamento artístico e dramatúrgico. Figurinos pomposos, cenários bem-feitos, atuações magníficas e um texto promissor. A julgar pelas chamadas, o horário tem tudo para voltar aos bons tempos das novelas de época. Destaque para Marjorie Estiano, Camila Pitanga, Lázaro Ramos, Thiago Fragoso e para os retornos de Alessandra Negrini, Maria Padilha e Patrícia Pillar, atrizes bissextas na televisão. Também vale prestar bastante atenção na estreante dupla de autores, Cláudia Lage e João Ximenes Braga.

Vaias: Para a sequência de Gabriela, em que o Coronel Jesuíno (José Wilker), em cena com Dona Dorotheia (Laura Cardoso) e Coronel Amâncio (Genézio de Barros), pede licença para ir "cagar". A sequência, mais uma do rol de bobagens que essa adaptação trouxe à obra, só explicita os expedientes bobos dos quais o autor se utiliza para tentar alavancar o ibope da novela das onze. Além de demonstrar desespero e apelação, Walcyr Carrasco vem deixando claro, nos últimos capítulos, que não está empenhado minimamente em escrever algo com alguma qualidade. Característica, aliás, que já é marca de sua carreira. Com isso, saem perdendo os telespectadores, a memória de Jorge Amado, a cultura em torno da figura de Gabriela e, é claro, atores do quilate de Wilker, Laura e Genézio que, por força de contrato, são obrigados a encenar cenas do tipo. Uma pena.