terça-feira, 31 de julho de 2012

Aplausos: Para a Família Tufão, que povoa o principal núcleo de Avenida Brasil. Se falta conteúdo e humor às tramas paralelas, o clã que envolve a vida dos protagonistas é muito divertido e interessante. Por meio das diversas reuniões na sala e jantares à mesa que acontecem na mansão de Tufão, temos um excelente e cômico exemplo daquilo que geralmente prevalece no âmbito de grande parte das famílias brasileiras. Entre brigas e risadas, é muito difícil não se identificar, de algum modo, com a carismática família do ex-jogador de futebol.

Vaias: Para os teasers e comerciais da nova temporada de Malhação. Entra ano, sai ano, mas a novela adolescente continua repetindo uma fórmula desgastada e que pouco tem a ver com a realidade dos jovens nos dias de hoje. Quase sempre, o folhetim da tarde se rende a clichês consagrados por uma visão superficial e baseada num estereótipo idealizado de juventude. A Globo, que em canais fechados produz ótimas séries destinadas a essa faixa etária (Adorável Psicose, por exemplo), não está evoluindo de acordo com as novas possibilidades que o mundo oferece aos adolescentes. O resultado disso é óbvio: Malhação continua a mesma há anos. Só os atores mudam. É isso, pelo menos, que as propagandas da nova temporada da novelinha parecem indicar. Talvez, contudo, eu esteja errada. Torçamos para que eu esteja.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Aplausos: Para Murilo Benício, o Tufão de Avenida Brasil. No início, o personagem parecia imerso em um ar de extremo ostracismo. Com o tempo, percebemos que o tom mais apagado era proposital e completamente coerente com o destino do ex-jogador de futebol no contexto da novela. Aos poucos, Tufão  conquistou o público com sua simpatia e simplicidade. Mais um ótimo trabalho de composição de Murilo, um dos melhores atores de TV da sua geração.

Vaias: Para a trama de Roni (Daniel Rocha) e Suellen (Isis Valverde) em Avenida Brasil, cada vez mais conservadora e detestável. No início, Roni era um personagem promissor. Parecia ter sido inserido pelo autor para levantar discussões interessantes, como a homossexualidade no futebol. Com o tempo, acabou caindo em estereótipos bastante rasos: o excesso de vaidade, a repulsa por jogos de futebol, o gosto apurado por moda. Não que esses traços não sejam comuns entre os gays. No entanto, tais aspectos sempre foram jogados, no contexto da novela, como características essenciais a qualquer gay. Suellen, do mesmo modo, começou promissora. Parecia uma mulher independente em um bairro excessivamente machista. Com o tempo, foi transformada em uma golpista que, no final das contas, tinha o sonho piegas do casamento de véu e grinalda. O pior, entretanto, veio com o casamento dos dois. De repente, a novela ganhou ares de conversão: ele transformado em um heterossexual, ela transformada em uma mulher empreendedora de respeito. Dolores (Paula Burlamaqui), ex-atriz pornô evangélica que também não passa de um mera caricatura, entra na história para deixar toda a situação ainda mais risível. Ganha o semblante de conversora e empenha-se na transmutação de Roni. Independente da discussão em torno do politicamente incorreto ou correto, a situação é estéril e pobre em tantos aspectos que é difícil saber até mesmo por onde começar. A trama do gay convertido não é novidade nenhuma na teledramaturgia. Contudo, nunca se viu uma configuração tão patética quanto essa. E o pior, diga-se de passagem, é que isso tudo faz muito sucesso. 

domingo, 29 de julho de 2012

Aplausos: Para Cheias de Charme, que chega à sua reta decisiva com uma dramaturgia impecável, inteligente e bem-construída. Tudo fluiu, até aqui, da melhor maneira possível. Como consequência, o folhetim conseguiu, com merecimento, um retorno do público que consagrou a novela como um grande sucesso de crítica e audiência. Parabéns aos autores e à equipe.

Vaias: Para o Fantástico, que montou um "tribunal de fãs" para julgar a traição de Kristen Stewart ao namorado, Robert Pattinson. Em primeiro lugar, a pauta é ridícula e demonstra a falta de criatividade assustadoramente crescente dos redatores da revista eletrônica. Além disso, tal assunto não tem o menor enquadramento no perfil da atração e é mais adequado a programas de fofoca de qualidade duvidosa. Um mico.
Aplausos: Para Laura Cardoso, a Dorotéia de Gabriela. Na pele da malvada beata, Laura prova, mais uma vez, que é uma das grandes damas da teledramaturgia nacional. Pode-se dizer, inclusive, que a personagem é, até aqui, a antagonista mais forte da novela das onze.

Vaias: Para Renato Aragão, que há anos se arrasta em um programa dominical que não tem graça nenhuma. Nem lembra aquele genial humorista que interpretou por décadas o Didi Mocó dos trapalhões. Uma pena.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Aplausos: Para o drama de Lindinalva, personagem vivida por Giovanna Lancelotti em Gabriela. Os últimos capítulos mostraram que a inclusão de uma personagem que não está no romance original foi um grande acerto. Deu um tom realista ao farsesco Bataclan de Walcyr Carrasco. A atriz, a propósito, esteve muito bem em sua cenas.

Vaias: Para a repetição de cenas iguais em que Nina (Débora Falabella) humilha Carminha (Adriana Esteves). A vingança empolgou no primeiro dia, mas se tornou enfadonha com o tempo. Perda do timing de um autor que é elogiado justamente por uma agilidade textual.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Aplausos: Para Aracy Balabanian, que ganhou um merecido destaque em Cheias de Charme nas últimas semanas. As cenas da atriz na casa dos Sarmento estão impagáveis. Máslova, sua personagem, vem rendendo momentos hilários envolvendo sua avareza e sua gula interminável.

Vaias: Para A Grande Família, que há alguns anos se arrasta em episódios que demonstram um desgaste substancial. Grandes atores como Marco Nanini, Marieta Severo e Guta Stresser, desse modo, encontram-se vinculados a um projeto que já deu o que tinha dar.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Aplausos: Para o texto de Cheias de Charme, que fornece diariamente doses homeopáticas de considerações bastante inteligentes. Hoje, Dinha (Juliana Alves) tirou sarro do machismo de Inácio (Ricardo Tozzi), que é cheio de crenças ultrapassadas como ''mulher não gosta de fórmula 1'' ou ''gay não gosta de futebol''. De modo leve e bem-humorado, Filipe e Izabel mostram que sabem usar sua dramaturgia a serviço da reflexão, ainda que de modo disperso pelas falas dos personagens.

Vaias: Para a espiritualidade piegas de Amor, Eterno Amor. Além de apresentar um sincretismo exagerado de diversas crenças completamente heterogêneas, tal espiritualidade serve de fundamento para uma espécie de maniqueísmo forçado, em que qualquer sinal de ceticismo é considerado, nas entrelinhas, um traço distintivo de todos os personagens que apresentam alguma falha de caráter. 

terça-feira, 24 de julho de 2012

Aplausos: Para Avenida Brasil, que finalmente emplacou o caminho previsto na sinopse. O embate direto de Nina (Débora Falabella) e Carminha (Adriana Esteves) está rendendo uma sucessão de cenas antológicas, superando toda a sensação de circularidade e esterilidade da história da primeira metade da novela. Em que pese o engodo das tramas paralelas, o folhetim, enfim, ganha ares de novelão.

Vaias: Apesar de um gancho sensacional, o fato de Nina (Débora Falabella) preparar todo o seu plano antes da chegada de Carminha também teve os seus buracos no enredo. É que ninguém sabia, nem mesmo Janaína (Cláudia Missura), que a vilã da história sairia de casa naquela noite. Sendo assim, como a mocinha de Avenida Brasil planejou tudo aquilo, incluindo fazer um jantar e trocar as fotos da casa, se ela sequer tinha conhecimento prévio da ausência da megera?

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Aplausos: Para Alexandra Richter, que está interpretando divinamente a arrogante Sônia, em Cheias de Charme. Nos últimos capítulos, nos quais a Família Sarmento começou a sofrer com a decadência financeira, a atriz vem demonstrando com maestria todo o ressentimento e a dor da personagem diante da situação. Atuação magnífica.

Vaias: Depois de um bem-sacado protesto de grafiteiros contra os crimes cometidos por Sarmento (Tato Gabus), não ficou muito claro, para o telespectador de Cheias de Charme, o motivo pelo qual apenas Rodinei (Jayme Matarazzo) foi detido pelo delegado. Os demais integrantes da Borralho Crew, Niltinho (Sérgio Malheiros) entre eles, sequer depoimento prestaram. 

domingo, 22 de julho de 2012

Aplausos: Para a configuração sócio-política de Cheias de Charme. Entre as questões abordadas pela novela, o grafite mostra o seu potencial político como forma de protesto, a classe C emerge como detentora do poder de consumo e a linha que separa os ricos de berço dos ricos emergentes se relativiza. Nesse contexto, situações impagáveis surgem naturalmente: o crime de colarinho branco ganha sua devida censura moral ou a ex-empregada mora no mesmo condomínio da madame. Mais um aspecto da novela mais inteligente do ano.

Vaias: Como de costume, o enredo de Avenida Brasil deixa muito a desejar. Que o autor é mestre em escrever cenas eletrizantes, isso a gente sabe. A lógica, no entanto, passa longe do roteiro na novela. Se o capítulo 100 foi bem costurado, o mesmo não pode ser dito em relação aos capítulos seguintes. Vejamos alguns exemplos: 1) Já citei a cena em que Nina (Débora Falabella), em pleno século XXI, tenta revelar cenas de uma câmera digital; 2) Como bem lembrou Maurício Stycer, excelente crítico do UOL, é estranhíssimo que Betânia não tenha tentado avisar Nina assim que soube que Carminha conhecia o plano de vingança da protagonista; 3) Um furo menos grave e justificável por um ponto de vista psicologizante diz respeito ao fato da vilã não ter matado a mocinha quando teve oportunidade. Definitivamente, João Emanuel Carneiro não tem muito compromisso com o enredo de sua obra. A seu favor, pesam as cenas magníficas e o ritmo eletrizante que, com a ajuda de Ricardo Waddington, Amora Mautner, José Luiz Villamarim, Adriana Esteves e Débora Falabella, ele vem proporcionando ao telespectador.

sábado, 21 de julho de 2012

Aplausos: Para a sequência de cenas em que Nina (Débora Falabella) é enterrada viva por Carminha (Adriana Esteves), em Avenida Brasil. Ainda que seja estranho o fato da vilã da novela ter deixado a mocinha viva, a direção de arte do folhetim deu um verdadeiro show. O cenário, a trilha incidental, a fotografia e o posicionamento das câmeras colaboraram para um clima meio macabro que conferiu extrema dramaticidade ao sofrimento da protagonista. Cena antológica. A atuação de Débora Falabella também foi impecável.

Vaias: Para a depressão de Jorginho, papel defendido por Cauã Reymond, em Avenida Brasil. O personagem já é chato e o ator, diga-se de passagem, é bastante limitado. Para piorar, João Emanuel Carneiro decidiu escrever uma fase sofrida para o mocinho-jogador-de-futebol. Seus ataques de tristeza parecem pequenos escândalos de uma criança aborrecida e mimada. Um saco.
Aplausos: Para a trilha sonora de Cheias de Charme, que conjuga diversos estilos de forma harmônica e positiva. Músicas muito populares são permeadas por nomes da nova MPB e cantores já consagrados do cenário nacional. Assim, a novela consegue fazer uma interessante mistura: Gaby Amarantos, Arthur Danni, Ivete Sangalo, Calypso, Tiê, Marcelo D2, Alcione, Beth Carvalho, Tulipa Ruiz, Criolo, Paulinho Moska, Luiz Gonzaga, Adriana Calcanhotto, entre outros. Desse modo, a direção evitou o excesso que poderia ter decorrido do uso indiscriminado do popularesco.

Vaias: Para o fato de Nina, protagonista de Avenida Brasil, não saber lidar com uma câmera digital. O autor já enrolou o público por 100 capítulos com base em uma desculpa que não tem mais cabimento em pleno séc. XXI: a mocinha não conseguia uma posição confortável o suficiente para bater uma foto. Em uma época como a nossa, qualquer aparelho digital é capaz de filmar, característica que acabaria com o dilema da personagem. Ontem, em mais uma demonstração de pouco compromisso com o roteiro, Nina vai à rua para revelar as fotos que tirou de sua máquina digital. Não seria mais fácil que ela tivesse salvado as fotografias online, seja em um e-mail ou em um site especializado nisso? Se ela não fosse refinada, viajada e instruída, como o próprio escritor faz questão de dizer em seu texto, tudo bem. Definitivamente, esse não era o caso. Risível.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Aplausos: Para os trocadilhos de Chayene (Cláudia Abreu), que são parte indispensável ao excelente texto de Cheias de Charme. Ontem, ao descrever a noite de amor que teve com Fabian, personagem de Ricardo Tozzi, a estrela do eletro-forró chegou a dizer que o assunto era de ''fogo íntimo''. Um ótimo exemplo dos impagáveis momentos que envolvem o divertido vocabulário da musa da canção brega.

Vaias: Para o Muito+, programa comandado por Adriane Galisteu. Programas de fofoca nunca zelaram por qualidade de pauta, isso é verdade, mas o que se vê na atração da Band pode ser descrito como um show de horrores. Junto com a loira, tipos como Gominho e Rita Batista ajudam a puxar o Muito+ ladeira abaixo. Os comentários e reportagens veiculados no programa pretendem claramente a humilhação pública de uma série de celebridades. O pior, diga-se de passagem, é o descompromisso em relação à veracidade das fontes. Uma baixaria só.

Os contrastes de Avenida Brasil

Ainda que pouca gente se disponha a dizer, Avenida Brasil é uma novela de grandes defeitos. João Emanuel Carneiro, que já tem alguns trabalhos como roteirista de cinema em seu currículo, sabe ser ágil e consegue costurar momentos de dramaticidade que valem alguns minutos de atenção.

No entanto, o autor derrapa em alguns aspectos fundamentais. A extrema preocupação do criador da novela em proporcionar dinamicidade à história faz com que ele claramente atropele, em diversos momentos ao longo da trama, a lógica da cadeia causal dos fatos. Tal dinamicidade visa, em última instância, à audiência, e não há nada muito recriminável nessa preocupação. Com efeito, o folhetim, em termos definitivos, não merece tamanha aclamação. Longe disso, outros fatores só corroboram com a falta de consistência da obra como um todo, como a falta de qualidade das tramas paralelas, a fragilidade da trama principal (manifestada na circularidade perdida e quebrantada dos planos da heroína) e o excessivo vocabulário moralista empregado na maioria dos diálogos, peso que Passione também suportou. Os méritos maiores, ao menos até aqui, vão para a competente direção de Ricardo Waddington, Amora Mautner e José Luiz Villamarim.

Por um lado, o impacto de Avenida Brasil revela a diferença entre audiência e repercussão. Em tempos em que as redes sociais entram em seu maior grau de efervescência, o Ibope deixou de ser o único fator relevante para medir o apelo de uma novela. Fina Estampa, que cravou um dos maiores índices de audiência dos últimos anos, teve seu fracasso estampado pelo silêncio da internet. A obra de Aguinaldo Silva, de fato, nunca chegou a ter metade da penetração que o folhetim de João Emanuel Carneiro tem no Facebook e no Twitter. Em outras palavras, se Avenida Brasil perde no Ibope, ganha em barulho. A febre causada pela atual novela das nove existe e movimenta o país. Algo que, sinceramente, considero positivo: o processo de relativização da medição de audiência é necessário.

Por outro lado, a aclamação de Avenida Brasil revela a fragilidade da crítica destinada às telenovelas. O formato de artes cênicas mais consumido do país não conseguiu estabelecer um corpo de especialistas digno de seu tamanho em uma nação como a nossa. A maioria dos profissionais destinados a esse trabalho é acrítica e vai no embalo da maioria. A novela, assim, continua marginalizada na condição de coisa menor. Uma pena.

Por fim, a respeito do capítulo 100 de Avenida Brasil: considerei abaixo do esperado, mas gostei. O episódio, ao contrário de outros, teve um roteiro bem estruturado e não precisou atropelar os fatos para causar o clímax final. O ponto desnecessário foi mesmo o uso das fraquíssimas tramas paralelas, todas batidas, enfadonhas e desinteressantes. 

O forte da novela é, obviamente, o eixo central, que consegue sobreviver a uma profunda fragilidade estrutural. Os planos de Nina, ao menos na primeira metade do folhetim, não justificaram o próprio argumento de Avenida Brasil. Ainda assim, a saga da mocinha vingativa continua como o grande chamariz. Não por conta de qualquer originalidade, visto que o tema da vingança é lugar-comum mesmo na história das telenovelas, mas por sua própria força dramática. O ótimo desempenho de Débora Falabella e Adriana Esteves ajuda bastante. A questão é esperar que João Emanuel Carneiro dê mais consistência à vingança de Nina e justifique a sinopse que apresentou ao público. Combates diretos entre as duas protagonistas também viriam a calhar. 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Aplausos: Para Vanessa Giácomo, a Malvina de Gabriela. Embora alguns achem Vanessa velha demais para o papel de uma jovem colegial, a atriz está segura e convence bastante como a subversiva Malvina. Um grande acerto.

Vaias: Para Jonatas Faro, o Conrado de Cheias de Charme. Mesmo com um ótimo papel nas mãos, Jonatas não vem conseguindo um desempenho satisfatório. Em momentos de tensão, o rapaz mostra-se extremamente robótico e sem muitos recursos dramáticos. 

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Aplausos: Para o Trolalá, programa comandado por Tatá Werneck e Paulinho Serra na MTV. A atração consiste em uma sequência de trotes a estabelecimentos comerciais e pessoas conhecidas da produção. A ideia, que é realmente infantil e bobinha, acaba funcionando muito bem por conta do desempenho de Tatá, uma das poucas comediantes que efetivamente sabem lidar com o improviso. Risada garantida.

Vaias: Para João Emanuel Carneiro, autor de Avenida Brasil. O escritor, o mais festejado pela crítica dos últimos anos, excede na quantidade de autorreferências, repetindo além do limite tramas que ele já escreveu em outras oportunidades, principalmente em A Favorita. O casal Roni e Suellen, a boneca de pano ostentada pela mocinha e o assassinato de um cachorro pela vilã são só alguns exemplos. O mais risível é que o autor insiste em reproduzir algumas situações de extremo mau gosto.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Perto da Unanimidade

Quando tudo parece perdido na teledramaturgia, surge a redenção proporcionada por uma excelente novela. E nos últimos anos, diga-se de passagem, essa redenção esteve longe do horário nobre da Rede Globo. Repetindo o sucesso de Ti Ti Ti e Cordel Encantado, Cheias de Charme aparece para arrebatar até o mais reticente telespectador. A trama leve surpreende pela capacidade de entretenimento e renovação, fato que demonstra a incrível habilidade dos, por que não, roteiristas Filipe Miguez e Izabel de Oliveira. 

E é justo que alguns parágrafos sejam inteiramente dedicados a essa fabulosa dupla de estreantes. Eu, confesso, dava pouco pela trama. Mas, aos poucos, Filipe e Izabel foram provando que, finalmente, havia pessoas na Rede Globo que compreendiam que qualidade e popularidade podem, sim, andar juntas. Mais do que isso, o popularesco pode ser usado para demonstrar a imensa variedade existente no cerne da periferia, coisa rara nas caricaturas vazias e pobres criadas por Aguinaldo Silva e João Emanuel Carneiro. No subúrbio de Cheias de Charme, a evangélica transcende o estereótipo, a empregada serve como muro de arrimo para toda a família, a cultura do hip hop mostra força em toda a sua plenitude. E a favela, ainda que colorida em tintas mais alegres do que o comum, mostra que é mais do que uma sucessão de clichês e paradigmas criados por quem nunca cruzou o túnel em direção à Zona Norte, ou entrou em alguma favela entreposta aos condomínios de alto luxo da Zona Sul ou da Barra da Tijuca. A própria desigualdade está ali, vale dizer. O Borralho está ao lado de um luxuoso condomínio da Zona Oeste, nuance que Aguinaldo Silva bem tentou demonstrar em sua malograda Fina Estampa, mas que esbarrou em diálogos repletos de afetações, preconceitos e superficialidades. 

Mas Filipe e Izabel vão além de um mero retrato da Classe C. Os autores demonstram, ainda, que são dramaturgos sensacionais. Com inteligência, souberam dividir o protagonismo entre três personagens arrebatadoras. A primeira, Rosário, criada por um carismático pai, que é gay assumido e já ganhou uma cena em que sua homossexualidade foi tratada da maneira mais inteligente, é sonhadora e representa a luta de quem nunca desiste de seus sonhos, a persistência de pessoas que diariamente travam uma batalha contra o próprio destino. Penha, por sua vez, representa o universo de mulheres que precisam dar conta sozinhas de um turbilhão de responsabilidades, sustentando famílias com um sofrido e contado salário. Por fim, Cida é a empreguete que comove e causa empatia em um número grande de telespectadores, gente solidária a uma história que parece saída de um conto de fadas. Tudo tratado da forma mais natural e sem o menor vitimismo. Assim, com bastante perspicácia, a dupla de autores consegue construir uma teia de acontecimentos variados sustentada em três eixos, estruturando uma trama difusa que agrada a um grande contingente de pessoas. Personagens carismáticos, como a tresloucada Chayene, a determinada Lygia ou a deslumbrada Socorro, ajudam a dar liga a esse conjunto sincrônico de temas variados que, no final das contas, dizem respeito a um só tema: o novo conceito de classe emergente e a sua inserção na sociedade dos dias atuais.

E talvez por ser uma novela conceitual, Cheias de Charme emplacou de forma tão eficiente. A classe C da novela é pensada, calculada e executada de uma maneira extremamente racional. Não é um adendo, algo que foi inserido em uma trama principal totalmente heterogênea. Por isso, não dá sinais de farsa, de aspecto inapto e sem lugar. 

Mas é claro, uma novela não é feita apenas de bons autores. A direção, comandada pela indiscutivelmente talentosa Denise Saraceni, é extremamente acertada. Alguns erros técnicos de edição e sonoplastia pipocam, vez ou outra, na tela na novela das sete. Mas isso não apaga o brilho do trabalho de Denise, que é divinamente assessorada por Carlos Araújo, diretor geral. Os efeitos de transição entre cenas são uma graça e, aqui, aproveito para citar a recente passagem de tempo na trama, que foi enriquecida por um empolgante vídeo que resumia a turnê das Empreguetes pelo Brasil. As protagonistas, aliás, não poderiam ser melhor escolhidas: Taís Araújo está em uma de suas melhores interpretações e em uma das melhores atuações de 2012. Leandra Leal finalmente ganhou status de protagonista, posto merecido depois de anos de bons desempenhos na TV e no cinema. Isabelle Drummond mostra maturidade e um carisma fundamental a quem aspira a carreira de estrela.

O elenco em geral, a propósito, coleciona performances de causar inveja a qualquer outro cast da emissora. Cláudia Abreu, a antagonista da história, compôs uma divertida e emblemática cantora de eletro-forró. Uma atuação arrebatadora. No time de coadjuvantes, nomes como Alexandra Richter, Tato Gabus, Daniel Dantas, Giselle Batista, Simone Gutierrez, Humberto Carrão, Malu Galli, Tainá Müller, Fábio Lago, Leopoldo Pacheco, Kika Kalache, Dhu Moraes, entre outros - ótimos atores que geralmente não tiveram muitas oportunidades ao longo da carreira -, concedem porções diárias de atuações seguras ao telespectador. Veteranos como Aracy Balabanian e Edney Giovenazzi também contribuem com sua dose de imenso talento. E em uma novela com um elenco tão bem-afinado, excelentes revelações ganham seu espaço. Caso de Chandelly Braz, intérprete da impagável Brunessa, Rodrigo Pandolfo, que defende com maestria o cômico Humberto, e de Titina Medeiros, aliada e ''personal colega'' da megera Chayene. Três atores que estreiam da melhor maneira possível.

Enfim, Cheias de Chame chega para marcar uma época. Novela que remete aos clássicos da comédia da década de 80, mas que retrata um universo bastante particular aos nossos tempos. Tudo com inteligência e leveza. O folhetim das sete, ao menos na minha opinião, é o melhor do ano até aqui. E mais: é uma novela feita por um conjunto de profissionais extremamente capacitados. Pode-se dizer, com toda a segurança, que   o sucesso de Cheias de Charme é fruto da convergência de grandes artistas.
Aplausos: Para Adriana Esteves, a Carminha de Avenida Brasil. Em que pese o exagero empregado em cenas mais prosaicas, a atriz está arrebentando nas situações em que a megera precisa demonstrar grande tensão dramática. Atuação memorável.

Vaias: Para os últimos capítulos de Gabriela. Em sentido contrário à poesia dos primeiros capítulos, a novela passou a adotar um equivocado tom de humor meio farsesco, que é típico das tramas assinadas por Walcyr Carrasco. Mesmo o erotismo peculiar à bibliografia de Jorge Amado anda descambando para uma espécie não muito adequada de comédia.  

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Aplausos: Para Paloma Duarte, a Nameless de Máscaras. A novela, que com uma série de modificações conseguiu melhorar consideravelmente nos últimos capítulos (e com um alto nível textual, vale dizer), conta com uma das melhores atrizes de sua geração como protagonista. Paloma impressiona pela desenvoltura e facilidade com que interpreta as suas personagens. E, em Máscaras, ela mantém a tradição. Talentosíssima.

Vaias: Para o Fantástico, que exibiu a entrevista da 'cristã convertida' Rosane Collor, que, em vez de realizar a tão prometida carga de denúncias política ao ex-presidente Fernando de Collor de Melo, concentrou-se em relatar alguns rituais de magia negra que eram realizados na Casa da Dinda. Eu, que não tenho nenhuma religião e respeito todo o sincretismo culturalmente estabelecido no nosso país, só consegui pensar: "E daí?". Em que pese o sacrifício de animais, prática controvertida, sem dúvida, cada um tem o direito de professar a fé que quiser. O Estado, em teoria, é laico, mas a mídia parece não ter se dado conta dessa característica. Para coroar o show de vergonha alheia, a ex-primeira dama reclamou do valor da pensão que recebe de Collor de Melo, cerca de 18 mil reais. Em uma nação marcada pela extrema desigualdade social, a declaração só conseguiu causar risos. Uma deslumbrada. Pelo visto, a revista eletrônica global está cada vez mais próxima do conteúdo raso e sensacionalista que revistas como a Veja apresenta. Um mico.

sábado, 14 de julho de 2012

Aplausos: Para Cássia Kis Magro, a Melissa de Amor, Eterno Amor. A novela em si não agrada ninguém, mas a composição da megera, entretanto, foi muito bem feita. Seu comportamento é composto de nuances que revelam uma personalidade complexa e doentia. E a atriz, como de costume, está impecável.

Vaias: Para a repentina e excessiva intuição de Carminha, personagem de Adriana Esteves em Avenida Brasil. A antagonista da novela, que costumava cair de amores pela mocinha Nina, de repente voltou-se contra a empregada e virou uma louca farejadora de segredos. Algo sem explicação e justificativas. A transição entre uma fase e outra foi bastante mal-construída, falha típica de roteiros abruptos e carentes de uma cadeia causal com alguma lógica. Além do mais, a intuição da vilã chega a constranger o telespectador. Por mais que ela tenha a capacidade de intuir segredos e fatos ocultos, a megera praticamente desvendou toda a trama de Nina com base em conjecturas e suposições que nenhuma pessoa, ainda que com uma capacidade intelectual acima da média, faria. Risível. 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Aplausos: Para a direção de Avenida Brasil, que claramente privilegia a dinamicidade em detrimento do excesso de perfeccionismo nos diálogos. Se um ator erra ou atropela acidentalmente a fala do outro, a cena prossegue e é consertada no improviso pelos próprios atores. Isso confere agilidade e naturalidade à trama, mostrando, além disso, que a escalação de intérpretes com experiência no cinema e no teatro foi mais do que acertada.

Vaias: Para Edmilson Barros, o Nhô Galo de Gabriela. O ator, que interpreta certa experiência em papeis nordestinos, peca pelo excesso estereotipado dado ao seu personagem fanho. A dicção, que é fundamental na televisão, fica comprometida. Custa-se a entender o que ele fala em cena.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Top 5: As Melhores Cenas de Lília Cabral nos Anos 2000

Lília é uma dama da teledramaturgia nacional. Estreou em novelas em Corpo a Corpo, novela escrita por Gilberto Braga e exibida em 1984. Desde então, nunca mais parou. É a intérprete das mais inesquecíveis vilãs de Manoel Carlos: Sheila, de História de Amor, e Marta, de Páginas da Vida. Desse modo, Lília Cabral se tornou uma das maiores atrizes da história das novelas. O blog separou cinco cenas de destaque na carreira dessa magnífica atriz. Como a carreira de Lília é longa, decidimos nos ater os anos 2000, sem desconsiderar, é claro, personagens como Amorzinho, de Tieta, ou Aldeíde Candeias, de Vale Tudo:

Posição 5 - Em A Favorita, Catarina é agredida por Léo (Jackson Antunes):



Posição 4 -Em Laços de Família, Ingrid é alvejada por um tiro e morre:



Posição 3 - Em Viver a Vida, Tereza (Lília Cabral) dá banho em Luciana (Aline Moraes):



Posição 2 - Em Páginas da Vida, Marta confronta Nanda (Fernanda Vasconcellos):



Posição 1 - Em Páginas da Vida, Marta e Alex (Marcos Caruso) discutem:



quarta-feira, 11 de julho de 2012

Aplausos: Para a classe C de Cheias de Charme, explorada com leveza e realidade em todas as suas nuances. Embora idealizada, os aspectos controversos da dura vida de quem nasce em condições menos abastadas são constantemente expostos da forma mais inteligente: os dilemas de Penha, a luta de Brunessa para superar o preconceito do mercado de trabalho, o contexto do grafite no subúrbio do Rio de Janeiro. Tudo de maneira leve e natural, superando o mero estereótipo vazio pintado em novelas como Avenida Brasil ou Fina Estampa.

Vaias: Para a Rede Globo, que omite notícias sobre as Olimpíadas de Londres de sua programação. Para quem não sabe, os direitos de cobertura do evento foram exclusivamente comprados pela TV Record. A emissora carioca, em um sinal de amadorismo e de falta de profissionalismo, decretou lei do silêncio em relação a um dos eventos mais importantes do esporte mundial. Ridículo.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Aplausos: Para Aracy Balabanian, a Máslova de Cheias de Charme. A participação da veterana é pequena, mas o suficiente para que Aracy demonstre seu enorme talento. Destaque para a cena em que Conrado (Jonatas Faro) é advertido pela avó, logo depois de ter suas falcatruas descobertas pelo pai, o empresário Otto Werneck (Leopoldo Pacheco).

Vaias: Para Bruno Gissoni, o Iran de Avenida Brasil. Não bastasse o personagem vazio e sem muitos dilemas, seu intérprete, que já protagonizou uma temporada de Malhação, mostra um desempenho tão fraco quanto o papel. 

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Aplausos: Para Humberto Carrão, o Elano de Cheias de Charme. O ator, que desde Ti Ti Ti vem se consolidando com uma das grandes promessas da nova geração, demonstra extrema maturidade ao interpretar o mocinho da atual novela das sete. Humberto tem futuro.

Vaias: Para Carmo Dalla Vecchia, o Fernando de Amor, Eterno Amor. Carmo, embora venha construindo uma carreira interessante nos últimos anos, definitivamente não está se encontrando na pele do vilão desequilibrado da novela das seis. Ao que parece, o ator vem tentando transmitir a instabilidade que o personagem exige, mas só consegue, pelo contrário, passar caras e bocas típicas de um adolescente mimado. 

domingo, 8 de julho de 2012

Aplausos: Para Débora Falabella e Adriana Esteves, que arrasaram na cena em que Nina derruba suco na roupa de Carminha, em Avenida Brasil. O desempenho das duas foi fundamental para transmitir toda a tensão que a cena sublinhava. 

Vaias: Para a excessiva e repentina promoção de Alexandre Pires nos programas da Rede Globo. Ele não anda fazendo tanto sucesso, muito menos emplacando algum single com eficiência. A participação do cantor, entretanto, cresce por conta da repercussão em torno do péssimo vídeo envolvendo Neymar e insinuações racistas. Um papelão.

sábado, 7 de julho de 2012

Aplausos: Para Taís Araújo, a Penha de Cheias de Charme. Taís arrebentou e comoveu com as cenas que foram ao ar neste sábado. A empreguete, nos últimos tempos, viu-se envolvida em uma dolorosa situação: conviver com o drama da doença de sua ex-patroa, Lygia, vivida pela excelente Malu Galli. A dupla, aliás, está entre os melhores aspectos da trama. 

Vaias: Para Cláudia Abreu, que estampa uma das reportagens da Revista Veja desta semana, que tem como título "A arte de carregar uma novela nas costas". Que a revista é ruim, reacionária, engessada, além de contar uma péssima e equivocada seção destinada à cultura, todo mundo já sabe. O que ninguém sabia, porém, é que uma atriz do nível de Cláudia aceitaria participar de uma reportagem com um título tão injusto e mentiroso. Em uma novela em que a maioria dos atores está irrepreensível, dizer que alguém carrega a trama nas costas demonstra uma extrema falta de reconhecimento com o conjunto da obra, e um desdém em relação ao ótimo desempenho dos atores e demais envolvidos na produção. O sucesso de Cheias de Charme é, sem dúvida, fruto do trabalho de pessoas como Ricardo Linhares, Filipe Miguez, Izabel de Oliveira, Denise Saraceni, Carlos Araujo, Gogoia Sampaio, Roberto Amadeo, Guga Feijó, Isabelle Drummond, Leandra Leal, Taís Araujo, Ricardo Tozzi, Malu Galli, Alexandra Richter, Humberto Carrão, Titina Medeiros, Tainá Müller, Chandelly Braz, Simone Gutierrez, Rodrigo Pandolfo, entre outros diversos profissionais, inclusive Cláudia Abreu. 

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Aplausos: Para Ricardo Waddington e Amora Mautner, que comandam a direção de Avenida Brasil. A direção é impecável: tudo é muito bem-acabado e bem-executado. Mesmo com uma trilha sonora pouco variada e meio engessada em relação à trama, a qualidade de tratamento é notável mesmo em cenas prosaicas. O destaque fica por conta da fotografia e da maravilhosa trilha incidental, que dão ao folhetim um eficiente aspecto cinematográfico. As músicas instrumentais inseridos a cada gesto dos atores, inclusive, potencializa o clima de suspense e a própria interpretação dos atores. Em última instância, as intervenções conferem certo dinamismo à produção, ainda que a trama em si seja cheia de círculos amadores e de uma dramaturgia meio manca. 

Vaias: Para o desenvolvimento do romance entre Roni (Daniel Rocha) e Suellen (Isis Valverde), em Avenida Brasil. Se, no início, o envolvimento parecia interessante e até bonitinho, com o tempo, notou-se que o casamento não passava de um repeteco do que aconteceu com Orlandinho (Iran Malfitano) e Maria do Céu (Deborah Secco), em A Favorita. Na última semana, Avenida Brasil escancarou a homossexualidade de Roni, o que provavelmente levará ao mesmo destino do casal de A Favorita: o homossexual acaba se apaixonando pela moça "perdida". Um prato cheio para esquetes cheias de estereótipos vazios e piadas conservadoras, características que parecem ser bastante caras ao universo do autor e da emissora.

quinta-feira, 5 de julho de 2012


Aplausos: Para Gero Camilo e Bruna Linzmeyer, o Pirangi e a Anabela, respectivamente, em Gabriela. Elogiar Gero é chover no molhado. Seu desempenho como o divertido assistente e simpático garçom do Bataclan é perfeito e irrepreensível. Já Bruna, que ainda está em começo de carreira, entrou na novela de maneira arrasadora. A menina tem futuro.

Vaias: Para o Na Moral, programa comandado por Pedro Bial. A desculpa da discussão a respeito da ditadura do politicamente correto, definitivamente, chegou longe demais. A pauta do programa, baseada em uma lógica supostamente cool e inteligente, deu bastante margem ao racismo e ao preconceito. Em um país em que a discriminação racial é velada e feita nas nuances, tudo pareceu leviano, descompromissado e chegou ao ponto de insinuar que o preconceito, de um jeito educado, está permitido. A discussão poderia ter seguido por outro viés. O tema é interessante e realmente rende diálogos pertinentes. Mas faltou profundidade: faltou o lado contrário, o lado de quem sofre com o racismo, com a misoginia, com a homofobia, com a xenofobia. Em contrapartida, a coleção de convidados era deprimente: a alienada Maria Paula, o "filósofo" conservador Luiz Felipe Pondé (conhecido, inclusive, por suas relações com a opus dei), entre outros, colaboraram com o circo. No fim das contas, o tal tema polêmico virou uma conversa que incomodou pela superficialidade, um sucessão de reivindicações de ordem reacionária. Já Bial, que já é conhecido por seus discursos chatos e pseudo-intelectuais em um famoso reality show raso e sensacionalista, vai na contrapartida da sistemática dos vinhos: só piora com a idade. 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Aplausos: Em Cheias de Charme, a fala quase passou despercebida, mas foi notada por olhares mais atentos. Em uma cena do capítulo desta quarta, a secretária do escritório do Dr. Sarmento queixa-se, por telefone, da recorrência do termo "secretária do lar", que é geralmente utilizado para designar as empregadas domésticas. Uma inteligentíssima sátira ao discurso preconceituoso feito por secretárias que não gostam de ser comparadas às empregadas domésticas. Ótima tirada da dupla de autores.

Vaias: Para Paulo Bellini, o Alejandro de Cheias de Charme. O ator até demonstra certa boa-vontade, mas definitivamente não consegue se adaptar ao nosso idioma. Muitas de suas falas soam de modo completamente ininteligível.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Aplausos: Para Gabriela, novela de Walcyr Carrasco. Ainda que a produção conte com algumas caricaturas  típicas do universo do autor, principalmente nas cenas sediadas no Bataclan, o excelente tratamento dado à execução filtra bastante a possível infantilidade que vez ou outra pode aparecer no contexto na obra. Entre os atores, o destaque fica para Antonio Fagundes, José Wilker, Gero Camilo, Leona Cavalli e Vanessa Giácomo. Também merece nota a excelente condução do romance entre Sinhazinha e Osmundo, vividos respectivamente por Maitê Proença e Erik Marmo. Outros atores, como Mateus Solano e Luiza Valdetaro, também prometem render bons momentos. De negativo, somente o tom pastelão dado ao casal Marcelo Serrado e Fabiana Karla. A interpretação dos dois, excessivamente bobalhona, também não ajuda.

Vaias: Para a trama de Cadinho e suas mulheres, em Avenida Brasil. João Emanuel Carneiro a cada dia se supera em um humor vazio, irritante, raso e sem nenhuma criatividade. Pra quem se intitula porta-voz da inovação, seus escritos cômicos quase sempre caem em esquetes ridículas, anacrônicas e que remetem a piadas que não tinham graça nem no século passado. Além de deprimente, é um desperdício de atrizes do quilate de Carolina Ferraz, Débora Bloch e Camila Morgado. Alexandre Borges, por sua vez, parece estar em casa com mais uma amostra de uma atuação limitada e já vista em novelas como Ti Ti Ti, Belíssima e Laços de Família. Um saco.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Aplausos: Para o ''Novelão da Semana'', quadro do Vídeo Show. Embora o programa venha sofrendo com pautas apáticas e apresentadores pouco habilidosos, é preciso reconhecer que a ideia de reapresentar grandes sucessos do passado foi muito boa. Relembrar folhetins que marcaram suas épocas é recompensador.

Vaias: Para o pouco aproveitamento de Ricardo Linhares, um dos grandes autores de nossa teledramaturgia. Diante da busca por novos nomes no horário das 21 horas, Ricardo tem todas as condições de ser promovido à condição de autor solo na faixa mais nobre da emissora. Com Paraíso Tropical e Insensato Coração, Ricardo demonstrou ter amadurecido o suficiente.
Aplausos: Para a trilha sonora de Gabriela, novela das onze da Rede Globo. Baseada na primeira adaptação e no próprio romance de Jorge Amado, as músicas que embalam a obra de Walcyr Carrasco são belíssimas e muito apropriadas ao contexto da trama. Também vale mencionar o ótimo trabalho dos diretores da novela, encabeçados por Roberto Talma e Mauro Mendonça Filho, que sabem aproveitar a ótima lista de canções que têm em mãos.

Vaias: Para o Encontro, programa comandado por Fátima Bernardes. Apesar de uma apresentadora carismática, a atração não conta uma identidade bem-definida e contém uma pauta que, embora sazonalmente apresente alguns pontos importantes, é conduzida de maneira extremamente enfadonha