domingo, 20 de maio de 2012

Amor, Eterno Amor: direção acertada não segura texto piegas e ritmo sonolento

Amor, Eterno Amor estreou no horário das seis com a missão de repetir o sucesso de Escrito nas Estrelas, última trama assinada por Elizabeth Jihn. No entanto, a novela, até aqui, não vem empolgando nem o mínimo daquilo que se esperava. Os motivos, a propósito, são claros. Talvez o principal seja o mesmo que foi responsável pelo fracasso de Eterna Magia, primeiro folhetim assinado pela autora: uma dramaturgia piegas, previsível e recheada de um senso comum em seu pior sentido. Esses elementos também eram visíveis em sua produção anterior, mas o peso de um texto de um irreparável mau gosto foi relativizado, em Escrito nas Estrelas, por uma sinopse matadora, uma direção acertada e por um elenco seguro e bem-escalado. É claro que frequentemente audiência e qualidade não caminham juntos, mas certamente os baixos números no ibope da atual novela das seis são reflexo de diálogos muito preocupados em distribuir lições de vida superficiais inseridos em uma trama completamente desmotivadora. Algumas cenas chegam a ser extremamente constrangedoras. Por outro lado, a história parece contada em velocidade negativa. Não há dinâmica nem a menor perspectiva de movimento. A trama do desaparecimento do protagonista se resolveu rápido demais e o surgimento do fator mais esperado, a chegada da impostora Elisa, que será vivida por Mayana Neiva, vem sendo adiada por um tempo desnecessário.



Os protagonistas, aliás, ficam devendo. Gabriel Braga Nunes é indubitavelmente um dos melhores atores de sua geração. Contudo, ele não consegue convencer como um homem simples e pouco estudado. É claro que ninguém gosta de ver uma caricatura excessiva, mas, no caso dele, o problema é a falta. Letícia Persiles, por sua vez, não empolga. Talvez por falta de vida à personagem, pois, em termos gerais, a atriz já demonstrou que tem bons recursos dramáticos. Carmo Dalla Vecchia se repete em cena, embora não comprometa. O blog deseja ao ator composições mais diferenciadas. Já a vilã de Cássia Kis Magro, promessa de grande destaque da novela, acabou sendo sublimada pela atmosfera pouco cativante da novela. Um papel sem dúvida menor do que a sua capacidade. Quanto à Andrea Horta, que vem demonstrando ótimas atuações nos últimos anos, adotou uma interpretação que passou do limite do exagero. Ainda que venha sendo elogiada por alguns, a mim não agrada.

Entretanto, nem tudo é crítica em Amor, Eterno Amor. A trilha sonora é excepcional. Johnny Cash, Marisa Monte e David Gates garantem ótimos momentos à trama. Um trabalho que supera o mero acúmulo de hits radiofônicos. Um trabalho a ser elogiado. A direção de Rogério Gomes também é acertada. Parece claro que, assim como em Escritos nas Estrelas, o diretor pretende relativizar o clima romance-de-banca-de-jornal imposto por Jihn. Destaque também para as interpretações de Felipe Camargo, Carolina Kasting, André Gonçalves, Pedro Paulo Rangel, Osmar Prado e Daniela Fontan.

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