domingo, 19 de agosto de 2012

Aplausos: Para o Profissão Repórter, uma rara exceção na programação da Rede Globo. Diante de programas rasos como o Na Moral ou o Encontro com Fátima Bernardes, o jornalístico comandado por Caco Barcelos é um deleite. Por meio de jornalistas jovens, a atração traz pautas interessantes e geralmente abordadas sob diversos aspectos, fato que demonstra, em última análise, a pluralidade de pontos de vista possíveis a respeito de uma mesma questão. Um trabalho fantástico diante do engessamento que a política conservadora da emissora impõe aos seus profissionais de criação.

Vaias: Para Gabriela, que definitivamente virou uma bobagem nas últimas semanas. Cenas com diálogos infantis e extremamente constrangedores tornaram-se cada vez mais frequentes na adaptação, principalmente na boca de tipos transformados por Walcyr Carrasco em alegorias de mau gosto. Figuras como Tonico Bastos e Glória foram totalmente descaracterizadas pela obra carrasquiana. Mesmo Miss Pirangi, personagem inédito do "remake", que começou muito bem-escrito e bem-desenvolvido, perdeu completamente a sua inserção no contexto da sociedade de Ilhéus e sua capacidade de suscitar debates. Falando em descaracterização, também chama a atenção o extremo e raso maniqueísmo que tomou conta da novela das onze. A tentativa de dividir um romance tão profundo em mocinhos e bandidos fez com que Carrasco trouxesse de volta Zarolha, a prostituta mais contestadora do Bataclan. Como se não bastasse, o autor não se furtou em modificar completamente a personagem original em função de seu empreendimento dualista. Enfim, Gabriela se tornou uma novela típica de Walcyr Carrasco: ruim, equivocada, boba e vazia. Quase um pecado em se tratando do potencial dramatúrgico e crítico do livro que serviu de base para a adaptação. Ninguém está dizendo, porém, que um roteiro adaptado tenha que seguir à risca os passos do original. Pelo contrário, modificar uma coisa ou outra pode criar uma obra tão ou até mais rica que a obra de origem. Contudo, Carrasco fez o caminho contrário: suas operações no romance mostraram-se, com o tempo, empobrecedoras. Nesse caso, não há liberdade criativa que o salve.

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