sábado, 9 de maio de 2015

Embora muito piegas, Alto Astral cumpre o objetivo e entretém com trama bem contada

Alto Astral não entrará para a história. Alto Astral não foi a novela das novelas. Alto Astral causou vergonha alheia em alguns momentos. Mas Alto Astral, com toda essa vocação para a mediocridade, emplacou (e não me restrinjo à audiência, mas também à crítica). A grande questão é que Daniel Ortiz conseguiu ser muito eficiente em reproduzir a fórmula textual das novelas das sete: o pastelão, o romance e o didatismo. É bem verdade que o folhetim trouxe grandes marcas de inovação: de personagens emblemáticos como Samantha (Cláudia Raia) a cenas que encantaram pela engenhosidade, p. ex. a sequência em que Afeganistão (Gabriel Godoy) apresenta a namorada fantasma para a família. No entanto, a novela esteve no mais seguro dos solos na maior parte do tempo. E acertou justamente aí: cumpriu bem o papel de entreter de acordo com a fórmula mais tradicional de novela.
 
A direção de Jorge Fernando acompanhou a tendência da dramaturgia. E ninguém melhor que Jorge para dirigir comédias das sete. O tempo passa, mas Jorginho continua funcionando. Ainda que o chamem de repetitivo e batido, a verdade é que Jorginho inaugurou todo uma marca. Toda novela de Jorge Fernando é facilmente identificável. Isso, porém, é uma vantagem. O elenco também se mostrou muito acertado. Nomes consagrados como Christiane Torloni, Cláudia Raia e Elizabeth Savalla estiveram em perfeita harmonia com gratas revelações. Gabriel Godoy e Conrado Caputo estouraram em seus personagens. Performances negativas foram bem pontuais: Thiago Lacerda continua over e pouco articulado; Débora Nascimento precisa de mais naturalidade; Nathália Dill, apesar de talentosa, necessita mostrar mais recursos em personagens mais diversificados.
 
O grande contrapeso de Alto Astral esteve no excesso de pieguice. Não foram raros os momentos em que o drama se tornou pouco crível e até meio ridículo. A menina Bella, ainda que muito fofa, quase sempre entrava em sequências recheadas de situações para lá de esdrúxulas. Todo o papo de amor incondicional entre irmãos e de evolução espiritual (ainda mais em uma novela que nunca se preocupou em seguir uma cartilha muito ortodoxa de kardecismo) também constrangeu frequentemente. Seja como for, Alto Astral conquistou o seu objetivo: entreteve de maneira eficiente. Uma novela que não mudou a vida de ninguém, é verdade. Conseguiu, entretanto, marcar a história com tramas bastante adoráveis. Parabéns ao estreante Daniel Ortiz e, é claro, à já célebre Andrea Maltarolli, autora da sinopse que por uma infelicidade deixou-nos ainda muito jovem.
 
 
7/10



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