sábado, 28 de abril de 2012

Cheias de Charme e Qualidade.

Erra quem pensa que o brega não pode ser cool. Ao contrário, Cheias de Charme emplaca em público e crítica justamente por conta de uma cafonice bem-acabada, calculada e proposital. Não é de hoje que nomes como Sidney Magal e Gaby Amarantos são aceitos em vários núcleos como música de verdade, abandonando os preconceitos de uma teoria musical elitista e pouco adequada aos dias de hoje. Reconhecer a qualidade da música ultra-popular é muito justo e é mais do que natural. Nessa esteira, a produção assinada por Filipe Miguez e Isabel de Oliveira aposta no over de bom gosto. 

Em contraponto a novelas que se fartavam do farsesco pobre e com ares de esquete rasa (como Morde e Assopra ou Fina Estampa), a nova novela das sete  acerta em direção, trilha sonora, dramaturgia e argumento. Em suma, tudo parece bastante coerente. Denise Saraceni, conhecida pelo seu bom gosto, consegue balancear divinamente um folhetim que pende para o excesso. Do mesmo modo, fatores técnicos como figurino, cenografia e fotografia parecem se acertar perfeitamente nas situações da trama. A sinopse é clara e tem muito potencial de desenvolvimento. O texto dos autores é, até aqui, muito correto. Brega e qualidade podem caminhar juntos, sim.

As atuações são um caso à parte. As três protagonistas, vividas por Taís Araújo, Isabelle Drummond e Leandra Leal, são carismáticas e otimamente defendidas pelas excelentes atrizes. Mallu Galli, Alexandra Richter e Daniel Dantas também vem sendo muito felizes em suas composições. O mesmo pode ser dito a respeito da estreante Titina Medeiros, que em pouco tempo já arrebatou alguns fãs com a sua Socorro. No entanto, o grande destaque fica mesmo por conta de Cláudia Abreu, um dos maiores nomes da teledramaturgia. A atriz, que vinha sendo pouco festejada desde Celebridade, volta a um papel à sua altura. Na pele da divertidíssima Chayene, Cacau mostra que realmente é um dos maiores talentos da televisão. 

Se Cheias de Charme vai emplacar em audiência, ainda é difícil prever. Porém, certamente tem gás e condições para se tornar um dos maiores sucessos do horário. E se a palavra de ordem é agradar a classe C (o que, por um lado, é extremamente positivo, pois representa uma parcela importante da população na TV; mas, por outro, é bastante negativo, uma vez que limita o espectro criativo dos autores), que isso seja feito com bastante criatividade.


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