sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Bate-Bola: Novelas

Além do Tempo: Por mais piegas que Elizabeth Jihn seja, é preciso reconhecer que Além do Tempo tem um argumento muito forte. Apesar de clichê, os desdobramentos de um romance destruído por preconceitos de classe são muito folhetinescos. Além disso, a essa altura já é possível afirmar que a autora soube conduzir a novela de um modo muito esperto. As tramas paralelas têm força e nada parece fortuito no mundo que Jihn desenhou. Ainda há a mudança de fase da novela, prevista para ir ao ar nos próximos meses. Uma manobra arriscada que, se feita de maneira condizente e justificável, pode selar Além do Tempo como grande obra. Até aqui, pelo menos, o saldo é positivo (apesar da afetação exagerada de Paolla Oliveira).
 
 
I Love Paraisópolis: O problema, aqui, é a caricatura de mau gosto. A favela de I Love Paraisópolis é de plástico, os seus personagens têm a profundidade de um pires. À parte disso, a novela cumpre bem o seu papel de entreter. Há, sim, partes bastante divertidas. Na maioria das vezes, o humor do folhetim das sete é baseado em um ritmo de esquete básico e sem muita criatividade. Clichê que funciona, entretanto, por causa do bom jogo de cintura dos autores. Os personagens principais, contudo, cansaram. O excesso de exposição a que foram submetidos transformaram os mocinhos numa espécie de doce com açúcar demais. Também existe um heroísmo exacerbado dispensável e pouco crível, principalmente em Benjamin (Maurício Destri). Pesa contra, outrossim, a interpretação caricatural e ruim de Caio Castro.
 
 
A Regra do Jogo: Elogiada nas redes sociais, a novela das nove tem um argumento confuso. O "vilão dos direitos humanos" mostra que João Emanuel Carneiro se atropela na necessidade de ser politicamente incorreto. Em primeiro lugar, existe uma falha de petição em sua tentativa de destruir o maniqueísmo do folhetim: se um personagem é mau fingindo ser bom, ele continua maniqueísta. Um personagem complexo é bom e mau, e não bom ou mau, ainda que ele finja. Caso contrário, segue a lógica da novela clássica e, ao menos para um telespectador mais atento, o personagem "dúbio" não transmite a menor empatia. Um erro clássico que boa parte dos autores já cometeram (como a Clara de Passione ou o Ferraço de Duas Caras). Em segundo lugar, o argumento é estranho e chega a ser um pouco tacanho. Uma "sociedade secreta de contraventores" foi jogada para o telespectador sem muita justificativa. Algo que, por ser alheio à realidade à vista da maioria das pessoas, deveria ser minimamente contextualizado. A novela tem sua força no roteiro, esperto e dinâmico, ainda que, como é costume nas obras do autor, certos elementos da cadeia causal de acontecimentos apresentem buracos. Uma nota negativa para Giovanna Antonelli, observação surpreendente diante da qualidade da atriz. Sua interpretação anfetaminada beira o over. Nada que não possa ser corrigido. Assim como a novela, é claro, que tem, sim, muito potencial em seu desenvolvimento.
 
 
Verdades Secretas: A trama de Walcyr Carrasco já começou a desdobrar-se por caminhos desnecessários. Assim como em Amor à Vida, a sua ânsia por polêmica turba a qualidade de sua dramaturgia, característica patente em suas tramas paralelas. Ainda assim, Verdades Secretas ainda é a melhor novela no ar. A trama principal, mesmo que volta e meia descambe para certos excessos, continua se desenvolvendo bem e instigando o telespectador. A direção de Mauro Mendonça Filho é o grande diferencial. Um profissional de extrema excelência.

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