domingo, 4 de maio de 2014

Domingo na Globo expõe opostos na programação

Domingo à tarde, somos agraciados com a presença do Esquenta, sem dúvida um dos melhores programas de auditório da televisão. Regina Casé conseguiu elaborar uma maneira de sintetizar a pluralidade da cultura brasileira em pouco mais de 1 hora. Uma tarefa difícil, mas alcançada pelo programa de Regina de modo magistral. Do funk ao tropicalismo, de Valesca Popozuda a Tom Zé, de Preta Gil a Mangabeira Unger, todos parecem muito à vontade em uma atração que, em um país de velhas oligarquias e forte conservadorismo, encanta por dar voz às minorias e por seu progressismo moral. É justamente nesse clima popular, numa linguagem extremamente acessível, que o programa discute temas importantes como a violência policial e o trabalho infantil. Regina Casé, aliás, também não fica atrás: mostra todo o seu talento na função de animadora.

Horas mais tarde, porém, a Rede Globo insere na programação o péssimo, cansativo e ultrapassado Domingão do Faustão. Ultrapassado como o seu apresentador, um profissional que parece a cada dia mais engessado por uma formação que às claras evidencia um anacronismo. Em um desses últimos domingos, Faustão cometeu uma gafe bastante constrangedora ao humilhar uma dançarina da cantora Anitta, fazendo uma piada (muito sem graça, diga-se de passagem) sobre o cabelo da moça (a propósito, negra). Em vez de reconhecer o erro e pedir desculpas não só à dançarina, mas a todo um grupo de brasileiros, preferiu a teimosia e a arrogância. No sentido oposto, recorreu a argumentos no mínimo racistas. O discurso "tenho amigos negros, até convivo com eles" chegou a ser utilizado. Para completar, mencionou Fábio Porchat, um dos humoristas menos talentosos da geração stand-up (que já não é nada talentosa). Dispensável.

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