sábado, 5 de abril de 2014

Apesar de boa direção, Joia Rara termina repleta de clichês e falhas de desenvolvimento

Comandada pela competente Amora Mautner, Joia Rara acabou esbarrando na falta de criatividade das autoras, Duca Rachid e Thelma Guedes. A dupla, que já demonstrava certo desgaste de sua dramaturgia em Cordel Encantado e Cama de Gato, mais uma vez transpareceu estafa e excessiva repetição no desenvolvimento da novela. Agora, porém, a situação mostrou-se um pouco mais grave: o caminhão de clichês, desde o ex-gay curado pela coadjuvante pretensamente carismática até o vilão caricato com tons de perseguidor de desenho animado, comprometeu fortemente a razão de ser da novela. Faltou qualidade.

Mais do que isso, assistir à novela das seis exigia certa paciência. As falas transitavam entre o piegas e o budismo mal-apresentado, uma sucessão de frases de efeito cafona que comprometia não só a estrutura da dramaturgia, mas o próprio contexto do roteiro. O budismo tacanho, aliás, sinalizava a falta de um cuidado de pesquisa que foi de extrema importância, por exemplo, em Cordel Encantado. Não estou falando dos pretensos problemas de atemporalidade, uma vez que a proposta do folhetim não se restringia a um historicismo rigoroso, mas de um desperdício de oportunidade de veicular temas tão ricos com mais respeito e dedicação (o cabaré, a religião, a fé). 

Obviamente o trabalho de Amora continua irrepreensível: a improvisação e a trilha sonora continuam como destaques de seu trabalho. O talento de Duca e Thelma, em contrapartida, sai com a reputação arranhada.

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